Torcedores do St. Pauli se unem para ajudar garotos do bairro

Matéria indicada pelo Rikki da comunidade St. Pauli Brasil.


O texto é de 16/02/2007, do site DW.
http://www.dw-world.de/dw/article/0,2144,2345800,00.html

Projeto criado há quatro anos oferece treinos semanais de futebol para meninos que moram num dos locais mais pobres da Alemanha: o bairro St. Pauli, em Hamburgo.

Meninos de 15 nacionalidades participam do projeto.


Para muitos meninos do bairro St. Pauli, em Hamburgo, a sexta-feira é o ponto alto da semana. É neste dia que o projeto KiezKick promove seu treino semanal de futebol, uma iniciativa criada e levada adiante por um grupo de torcedores do St. Pauli, clube que disputa a Terceira Divisão (a materia tá desatualizada. 2ª divisão) do futebol alemão.

Há cerca de quat

ro anos, os torcedores do time hamburguês decidiram fazer algo pelos jovens de seu bairro e optaram por introduzir o treino gratuito, que se tranformou numa das principais opções de lazer para as crianças do local. A inici

ativa ganha em importância porque o bairro de St. Pauli é um dos mais pobres de toda a Alemanha.

Tênis sem marca

Os adultos do St.Pauli servem como exemplo.

"Viemos para cá porque é divertido, podemos treinar bem e muitos amigos também vêm", conta o garoto Kevin, que costuma participar dos treinos acompanhado de seu amigo Thirfort. "Se não viesse para cá, não teria outra coisa para fazer, e aqui é possível mostrar nossa habilidade", comenta Thirfort.

Assim como eles, Valon, de 10 anos, veste roupas simples e tênis sem marca para correr atrás da bola. Ele conta que, durante os treinamentos, pôde conhecer garotos de vários países, como da Turquia ou de Gana – há cerca de 15 nacionalidades representadas.

A língua alemã e a paixão pelo esporte são os elos que unem os cerca de 50 meninos entre 10 e 15 anos que participam do projeto. A maior parte deles vem de famílias pobres.

"Muitas famílias vivem com poucos recursos ou com ajuda social do Estado, e as crianças costumam não ter condições de, por exemplo, comprar calçados esportivos e muito menos de fazer parte de um clube. Por isso decidimos que este projeto não teria nenhum custo para eles", explica a coordenadora do KiezKick, Daniela Wurbs.


Mais do que só futebol

Projeto também se engaja contra o racismo.

Numa das iniciativas levadas adiante pelos organizadores do projeto, foi solicitado aos moradores da cidade que doassem calçados esportivos – a ação conseguiu reunir mais de 80 pares. Além disso, o projeto oferece às c

rianças mais do que apenas treinos de futebol.

"Costuma ter um efeito ne

gativo nas crianças jamais ter saído do seu bairro. Muitos, por exemplo, nunca foram ao centro da cidade. Tentamos tirar essas crianças do bairro ou trazer crianças de outros bairros para cá, para oferecer a elas contatos além da região em que moram", explica Wurbs.

Para o voluntário Jens Törner, que participa do projeto como treinador, o projeto tem um saldo positivo. "É triste ver um garoto de 5 anos e ter a impressão de que ele não tem futuro, pois faltam a ele os condições que um menino dessa idade deveria ter. E temos que lutar contra isso, tentar fazer com que ele viva determinadas coisas e se desenvolva. Como o projeto já dura cinco anos, algumas crianças puderam ter uma evolução que, de outra forma, elas jamais teriam", comenta.

Os garotos que participam dos treinos semanais também têm uma avaliação positiva do projeto. "Se ele acabasse, eu não te

ria outro lugar para treinar, o que seria uma pena", comenta Kevin.

Kathrin Erdmann (as)

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